Casal Valentão é um "recanto de caça" que faz parte dos meus "Caçadeiros" preferidos hà largos anos. Perdizes, coelhos, tordos, galinholas, raposas, e javalis são as espécies que por ali abundam, em estado puro, selvagens, em relativa abundância, mas sempre (muito) dificeis de caçar!
Por estes dias e aproveitando uns sempre escassos dias de férias, decidi realizar uma espera no final do período de lua (noite de lua cheia), por forma a tirar partido da maior luminosidade. Não fazia esperas desde Julho, há seis meses portanto, quando neste mesmo local havia morto um navalheirito, e sentia de facto saudades da Serra, e de o voltar a fazer.
No entanto, a paisagem e as condições agora são muito diferentes mesmo. É o Inverno no seu auge. Chegado ao dia, o céu estava muito carregado de cinzento por ali, embora uma noite calma de vento, relativamente amena em termos de temperatura, ...e a prometer alguma chuva. Ainda assim, o cevador estava bem frequentado, e decido arriscar.
(A aldeia de Vale da Serra, entre a Serra e o Arrife, observada já noite feita do local onde me encontro)
A noite cai logo após as 17:00h, e cerca das 21:30h já depois de sentir os porcos ao redor desde hà um par de horas, entra finalmente uma vara, com talvez mais de uma dúzia de animais. Depois de "limparem" literalmente um dos pontos de comida, sem que conseguisse ver ou identificar com definição suficiente qualquer animal, chegam-se por fim para um outro ponto de comida mais próximo de mim. Identifico os vultos de dois animais de maior porte, entre os quais um deles com características que me pareceram mais próximas de um navalheiro.
Nesse momento, a nebulosidade estava baixa e via de facto com muita dificuldade. Imaginava que após "limparem" também a comida que estava mais próxima de mim perderia a oportunidade de atirar e por isso decido, ainda que não nas melhores condições "segurar" o maior animal, e que parecia poder ser um "candidato" a navalheiro.
A muito custo consigo colocar-lhe em cima o reticulo não iluminado da 3x10-56, o seu focinho branco servia-me de guia, inspiro fundo e primo o gatilho com suavidade... segue-se o habitual, BUMMM!... e o reboliço de porcos pelo mato, recarrego com rapidez, procurando não fazer muito barulho. Avisto finalmente o cevador à minha frente, agora vazio, ..., com o sangue a saltar-me nas veias, mas com a confiança de que o mato "esconderia" aquele porco, ferido de morte... embora só o pudesse ver depois de descer. Uma vez que era muito cedo, decido esperar mais um pouco, e continuando a sentir os porcos por ali, fui-me deixando ficar até já próximo da meia-noite quando decido terminar a espera.
Arrumo a "torgia", descarrego, coloco a já velhinha CZ 550 no saco e desço do meu posto. Chegado ao local dou conta do nevoeiro e da baixa visibilidade mesmo ao nível do solo. Identifico apenas 3 gotinhas de sangue e penso para mim que posso ter um problema... que é pistear aquele animal naquelas condições de baixa visibilidade, humidade,..., e possivelmente com um ferimento que lhe permitiria andar ainda boa distância. Bem, ..., lá começo a pistear, e com paragem aqui, paragem acolá,..., lá vou progredindo... sobre o fraco rasto de sangue.
Sempre com cuidado, apenas já próximo da 01:00h dou com um porco de boas dimensões e que no primeiro impacto me parece um Navalheiro... mas não era! Era mesmo uma fêmea de grandes dimensões (da ordem dos 70-80 kg
(Após a longa caminhada na incerteza lá estava finalmente um bicho de grandes dimensões)
(Apesar das navalhitas expostas, era mesmo um porca de bom porte!)
Depois do alivio de a encontrar dei conta que dada a hora e localização, teria outro problema ainda maior..., chegar com ela à carrinha, sozinho. E esse sim foi um problema que "doeu"... durante quase uma hora!
(lacei a bicha pelo focinho e tentei fazer "slide" com ela, mas a muita pedra, mato e lama não ajudaram)
(mas a tarefa tinha de ser acabada e lá fui descansando e fazendo lances sucessivos até a conseguir finalmente carregar)
(Mais uma história da bem eficaz CZ 550, Cal. 30.06 Springfield)
Chegado a casa já sobre as 02:00h, consegui ainda a ajuda preciosa do meu amigo José Pereira, que acedeu a esfolar e amanhar-me a "porquita" na manhã seguinte. Já que eu tinha um compromisso logo pela manhã, e estava exausto para o fazer, sozinho, de seguida. E assim foi. Uff!
(-Mais uma vez obrigado Zé! Fico a dever-te mais uma, a ti e ao teu pai que também mais uma vez já lá foi partir a carne).
Caçar por ali continua a ser uma paixão enorme, e estas histórias deixam-me sempre o desejo de voltar logo que possa.
Grande abraço amigos,
mais um início de ano a "prometer".
Bom ano para voçês!
Luís Simões
*Com este javali atinjo 62 javalis cobrados na Serra d`Aire.
sabes que podes contar sempre comigo...
ResponderEliminargrande abraço
JPereira
Amigo, Bem o sei.
EliminarE tu também comigo Zé.
Valeu!
Grande abraço,