quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Coelhos e Podengos: Esperança no futuro!

Nos tempos que correm, insistir em caçar aos coelhos, e criar podengos para caça, como já tenho dito ao longo dos útimos anos, em vários fóruns, não parece uma atitude lógica. No entanto, a paixão pelo que quer que seja, não tem explicações lógicas. Ou se gosta ou não se gosta, ou se sente ou não se sente, ou existe motivação ou não nem por isso.

Pessoalmente, sempre tive uma enorme esperança no futuro, mesmo quando parece que tudo se encaminha numa direcção menos boa. Hà que trabalhar e seguir sonhando (construíndo e aguardando esse futuro). Por vezes devagar, por vezes mais rápido, conforme as possibilidades, no entanto sem nunca desanimar ou perder objectivo. E sobretudo tirando prazer do que a vida e a Caça nos oferecem em cada momento.

No Domingo passado fizemos a terceira caçada aos coelhos em Pedrógão. Escolhemos uma zona onde no passado havia feito grandes caçadas e da qual sentia algumas saudades.
(Nos cabeços das Avessadas com a Serra d`Aire ao longe - 23/10/2016) 
Embora apenas meia-manhã não vimos nada, e penso que os cães também não sentiram nenhum coelho. No entanto, estes trabalharam bem. E isso dá-nos sempre grande prazer. O facto de não trazer-mos Caça, em alguns dias ou manhãs, não é uma “desgraça”, nem motivo sequer de “desilusão”.

Ao chegar ao carro guardamos os cães com a mesma alegria de sempre, sendo que nessas manhãs são eles quem nos interessa e quem realmente conta.


(Vale d`Aires - 23/10/2016)
Acabei por tirar uma foto ao Luís, junto aos cães, e quando mais tarde a vi perguntei-me, como é possível não ter esperança no futuro? Pois muitos e melhores dias virão, certamente.


Montaria do Clube de Caçadores de Nisa (22/10/2016)

Se existem montarias que evidenciam alguma regularidade, as deste clube são certamente desse grupo de elite: tipicamente bons resultados, uma organização fiável a nivel da caça e logistica, matilhas de grande qualidade e ... poucos desvios daquilo que se pode esperar de uma boa montaria.

 Ali encontram-se sempre boas matilhas também.  E é sempre um prazer rever matilhas como as do Colmeias, Boneca, Berras, Luis do Martinho, etc.
 

(Mancha do Valongo e couto da Cecília)

Desta feita, no passado 22/10/2016 a primeira Montaria deste Clube esta época levou as habituais cerca de 100 portas a Nisa (107 portas marcadas), com a esperança em conseguir uma manhã de caça animada, na companhia de alguns amigos e de outros que ali se voltam a ver anualmente. O Cupo era de 1 veado, 1 gamo e javalis sem limite, não sendo possivel matar femeas e varetos.

Manhã muito nublada e com alguns períodos de chuva que levaram a algum atrasa na saída para o monte e consequente atraso em toda a Montaria.
 
(saída um pouco tardia para o Monte, já cerca da 11:30 h)

A solta dos cães foi feita já sobre o meio-dia, foram dados cerca de 80 tiros (pelos menos é a minha melhor estimativa, já que a dada altura perdi-me em alguns momentos).


Desloquei-me a Nisa na companhia do Nuno Gonçalves, meu amigo desde a escola secundária e natural de Casal da Pinheira (aldeia próxima de Pedrógão) e com quem não caçava desde o Inverno passado.

O Nuno ficou na armada G e que não teve caça, como toda essa armada. Eu pelos vistos um pouco mais “sortudo” nesse dia fiquei na armada I onde quase toda a gente atirou e matou alguma coisa. No meu caso, na Porta I4, vi o colega da porta I5 matar 1 veado e 3 porcos e atirar e pontear mais umas quantas peças (sempre hà dias de sorte!). Consegui fazer apenas um tiro nuns porcos que já haviam passado a sua porta, e um tiro numa vara adiante das nossas portas, quase ao cume de um cabeço. Tive a passagem de uma fêmea com uma cria já “avançada”. No final este amigo da I5 confirmou-me que os matilheiros trouxeram-lhe um porco pequeno (de cerca de 30 quilos). Esse porquito havia sido agarrado pelos cães à sua frente mas segundo o matilheiro tinha um tiro, e portanto seria o meu. Para quem não matava um porco possivelmente nas últimas 10 montarias... Embora, pequeno e maltratado pelo cães, sempre era um porco.

(Vista sobre a parta I5, I6, ..., I7 - um autêntico corredor de bichos!) 

No final, lá ajudei a recolher as peças do colega do lado, e como se pedia. Um bom veado, ainda que de armação um pouco fechada. Uma porca grande, e 2 porquitos pequenos. Mais, o meu porquito e que havia ficado também na sua porta.

No meio da azáfama, cheguei ao almoço quando muitos já haviam partido. No entanto, o Nuno esperava por mim e lá almoçamos os dois, tranquilamente e como sempre recordando caçadas e os tempos de escola.

Feitas as despedidas aos colegas de armada que almoçaram tardiamente como nós, saímos à rua onde a junta de caça estava já praticamente “resolvida”: trofeus retirados e peças amanhadas e algumas meio desmanchadas... Penso que seriam pelo menos vinte e tal peças.
 
Como sempre um Montaria boa em termos de resultado, talvez com as peças muito concentradas em algumas armadas e levando muitos caçadores-monteiros a tentarem despachar-se cedo... Ainda assim julgo que a Montaria cumpriu.

Obrigado Nuno, ...pela boleia e pela sempre agradável companhia.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

A paixão de caçar no Oeste, com quem é apaixonado por caçar no Oeste...


Esta é a história de uma amizade que tem crescido ao longo dos anos em torno da caça e da qual tenho um enorme gosto.

Tendo conhecido o Carlos Ferreira através de uma ligação professional jà hà mais de 15 anos, e que ainda hoje mantemos, daí até começarmos a caçar juntos algumas vezes por ano, e partilhar o gosto pelos cães de parar, provas de Stº Huberto, pela perdizes e galinholas foi um pequeno passo.

Desde aí, vários foram também os amigos que passei a conhecer no Oeste, e em particular em Dois Portos, de onde é natural e residente, não podendo deixar de salientar o seu primo, Joaquim Belchior, mas também o Eduardo Serralheiro, e o Luis “Caixas”, e que compõem o seu habitual grupo de caça às perdizes por ali.

Já tendo caçado várias vezes em Dois Portos, nos ultimos dois ou três anos não me havia sido possivel aceder ao convite habitual. No entanto, no passado domingo, voltei à sua aldeia, para uma caçada ás perdizes e faisões. Caçada essa que me permitiu recordar mais uma vez toda a cordialidade e “saber receber” destes meus amigos. O que a somar à espetacularidade de caçar na magnífica paisagem do Oeste, coberta de um mosaico de vinhas e pomares, num relevo de grandes declives, e onde é preciso “pernas e pulmão” para dar caça a perdizes e faisões, torna a jornada, um dia sempre especial.

A sua forma prazenteira de estar na caça e na vida, já eu conheço de hà muito e deixa-me sempre completamente encantado.

A caçada como é hàbito correu excelentemente! Tempo soalheiro, sem estar quente, boa companhia e conseguimos algumas perdizes e alguns faisões, em lances de grande beleza e grau de dificuldade elevado. Parece que as perdizes se deixavam encontrar apenas por nós, já outros grupos e caçadores com quem nos cruzamos, não mostravam caça ou pouca. Dada a dimensão das vinhas e o facto de serem aramadas a necessidade de bons cães para caçar ali é crucial.

Do Carlos, recordo, o optimismo incurável de um caçador de Galinholas, a incomparável “fibra” de sempre, não havendo distância, ou declive que se interponha entre a vontade de encontrar as perdizes naquela vinha mais querençuda ou naquele pomar mais distante. Os seus setters e griffon korthals batem muito terreno, mas ele não lhes fica atrás.  Quanto ao Eduardo, também muito conhecedor dos terrenos, sempre cumpridor na linha e sempre disposto a mais uma “pancadinha”, seguro a atirar, completa-se nos seus bretons, que resolvem magnificamente o “cobrar” das peças atiradas sobre as vinhas. O Luis “caixas”, muito caçador, e com perfil de caçador solitário, parecendo-me sempre que anda menos, mas “bate” as mesmas distâncias com a astúcia de saber sempre onde procurar e onde encaminhar a sua Perdigueiro Português a mostrar caça. Basta perdê-lo de vista para acrescentar mais uma peça ao cinto. Mata sempre bem. Guardei o Belchior para último, por um enorme carinho e para lhe dedicar algumas palavras mais. Será dos caçadores de maior carisma que conheci, e que durante muitos anos espalhou classe com os seus pointers, por onde quer que tenha passado e passou por muitos locais. Pointers que corriam como o vento e paravam caça com firmeza robótica. Também pelo seu feitio e boa disposição tornou-se numa referência para muitos, não só ali mas por todo o lado.

Todos eles evidenciam bem a paixão de caçar no Oeste.

Por exemplo em Pedrógão ainda hoje me perguntam pelo Belchior e pelo Max, com enorme afeição. Para os seus colegas habituais e para todos os que o conheciam pela primeira vez, esse efeito emblemático perpetuava-se para sempre e isso ele nunca perderá. Mas foi nele que notei a maior diferença. Sendo o mais velho do grupo, é caso para dizer que a idade não perdoa. E isso deixa-me sempre uma nostalgia enorme, relativamente a um companheiro e ainda mais caçador. Ainda assim acompanhou-nos, escolhendo terrenos, mas com a sabedoria de quem conhece aqueles “pagos” hà mais anos que ninguém, e compondo como sempre o cinto. Foi com um enorme prazer que o revi, espero que se vá aguentando, na vida e na caça.

No final, já de chegada aos carros, e talvez sentindo o cansaço em demasia, deixou escapar que esta seria a sua época de “despedida” (espero sinceramemte que não!). Tendo-me deixado a sua “caça” com a generosidade habitual, ofereceu-me ainda, de surpresa, a mais bela cena que alguma vez podia esperar. E que oportunamente, hei-de escrever história. Agradeci-lhe a recordação.

 

Na viagem de regresso a casa, e a só, pensava para mim, na sorte que tenho, e porque continuo a gostar tanto da Caça.

Amigos, obrigado por tudo. Cá vos espero em Pedrógão este Inverno.

domingo, 16 de outubro de 2016

Caçada em Galveias


Este sábado cacei mais uma vez em Galveias, mais propriamente em Ribeira de Vinhas a convite do meu amigo Jorge Barreiras, natural desta bela Vila do Concelho de Ponte Sor e localizada na margem esquerda da Ribeira de Sor.

Caçar ali na sua companhia, dos seus familiares e alguns amigos, é sempre um prazer enorme. E ás 6:00h chegávamos já ao Café Central no largo da Igreja, onde já nos aguardavam. Após os cumprimentos, a alegria do reencontro, e entre o passar de cafés, as últimas caçadas dão o mote para começarmos a planear, como serão constituídos os grupos, e onde caçará cada um deles. São feitas algumas recomendações pelos mais experientes, sobre os terrenos, quem fará as pontas ou andará mais avançado, e onde supostamente será mais provavel encontrar caça.

Caçar em Galveias é hoje em dia substancialmente diferente do passado, a Caça é (muito) mais escassa, os terrenos mais duros e díficeis (mais mato e terrenos abandonados), mas o encanto de ali caçar permanece intacto. Para eles, que ali caçaram centos de lebres, e perdizes bravas, e fizeram mágicas caçadas de torcazes, à dormida e à levantada; e para mim que tenho a felicidade de conhecer, e partilhar, aqueles terrenos e, estas jornadas com grandes caçadores desses tempos idos, e que ainda hoje mostram porque o eram e porque o são, mesmo com muito menos Caça.

Nas condições actuais, para além de um pontinha de sorte, sempre necessária, só a combinação do conhecimento minucioso do terreno e da crença das espécies em cada local, e uma grande eficiência no momento de “atirar” resultam normalmente em boas caçadas. Curiosamente, naquela família, e generalizado às várias gerações, todos parecem ter “doutorado na mesma escola” – todos muito caçadores e excelentes atiradores! Impressionante.

O almoço na antiga casa de família junto a Ribeira de Vinhas e a habitual boa disposição, leva-nos invariavelmente às histórias do passado, à discussão dos lances da manhã, dos bons cães, e dos muitos quilómetros “calcorreados” na “busca” das lebres e perdizes.

Recorda-se igualmente a “proximidade” das caçadas de Inverno, afinal os tordos, torcazes e galinholas estão a começar a entrar, e deseja-se avidamente que proporcionem algumas boas caçadas como sucede todos anos, combinando-se quem ficará com a responsabilidade de fazer a “chamada”, para essas caçadas círurgicas.

No final e antes da despedida, houve ainda tempo para colher alguns diospiros, deliciosos e abundantes na propriedade.

No regresso a casa, e reflectindo, sinto-me agradecido por viver assim um ambiente único em torno da caça, com gente de uma simplicidade e de um ADN cada vez mais díficil de encontrar.

Obrigado amigos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Manhã de Caça aos coelhos em Pedrógão d`Aire

Hoje cacei mais uma vez em Pedrógão com os Podengos, onde muito gosto de caçar aos coelhos (é mesmo onde mais gosto de Caçar aos coelhos!).

Como actualmente quase generalizado, os coelhos são muito escassos, o tempo tem estado muito "rijo" (hoje quase com 30º C a partir do meio da manhã), o mato e silvas muitissímo ásperos, e por tudo isso, condições nada fáceis e propícias para a Caça ao Coelho, nem para quem a pratica, nós e cães incluídos.

Quanto aos podengos, e apesar das condições adversas, mostram bem porque são a melhor raça para caçar aos coelhos (e cada vez mais julgo eu!).

Mesmo com pouca caça, são manhãs como a de hoje que me vão dando razões para continuar a insistir neles, na caça ao coelho, e a fazer sentir-me um enorme prazer.  

(Eu e a Flecha com o resultado da manhã)
 
Apesar da matilha ter trabalhado razoavelmente bem, hoje a "Flecha"(Fêmea Podengo Português Pequeno de Pêlo Liso) foi a protagonista da manhã, com um lance fabuloso, a trabalhar muito bem um dos coelhos que conseguimos.
 
E são esses lances, e o senti-los de uma beleza única, que nos fazem seguir caçando coelhos e criando podengos.
 
Muito prazer nessas Caçadas!
 
Abraço, Luís Simões




terça-feira, 4 de outubro de 2016

Perdizes em Mértola - Caça às bravas nas barreiras do Guadiana

(02/10/2016)
Caçar às perdizes bravas nas barreiras do Guadiana é qualquer coisa de ímpar. Assim pensei a primeira vez que ali cacei. E não volto lá que não venha completamemte rendido, às perdizes, e ao cenário.

Perdizes de bravura intacta que se precipitam dos cerros e barreiras a pique, a distâncias muitas vezes a salvo de quem vai de salto, e que lhes permitem passar a velocidades alucinantes a quem fica de porta, acabando por vezes por cruzar mesmo o Rio. 

A sua cor, vermelho vivo, o seu rufar de asas, o seu porte robusto e a forma simultaneamente musculada e elegante, mostram-nos porque continuam a ser as rainhas daquela paisagem.

Intocáveis, muitas,... permitem-nos apenas trazer connosco imagens únicas gravadas na memória, e a certeza de que existirão ali para sempre.    

Para os que já lá caçaram sabem do que falo...

O sentir a proximidade das perdizes e o momento em que se "metem" nas asas é algo de especial. Os tiros bem sucedidos proporcionam visões indescritiveis e de enorme beleza, assim como de enorme dificuldade de cobro, sobretudo a quem vai de salto, como gosto de fazer.

Nalguns lances, cobrar algumas delas significa ter de descer cotas de 100 metros, por forma a ajudar os cães, já que por vezes dentro da esteva não têm qualquer possibilidade de observar a  sua queda.
 
As "outras", descrevem voos longos, por vezes de muito longa distância e que podem chegar a um par de quilometros senão mais... fabuloso.


(Mértola ao longe) 

(Terrenos dobrados com grandes declives) 

(Fazer ali "algumas" perdizes é motivo de uma satisfação enorme)
 
Ter a oportunidade de caçar ali com caçadores naturais de Mértola é outro atractivo maior. O seu conhecimento dos locais, a sua experiência de Caça, as suas histórias e memórias - fazem-me sentir um privilegiado. No final, a comida bem Alentejana, e o convívio tornam a jornada de caça ainda mais completa, fazendo com que a vontade de voltar surja, ainda antes mesmo de partir. 
 
Como é lógico, espero que não seja a última...

Tentarei voltar pelo menos mais uma vez esta época (apesar das 7 horas de viagem para ida e volta). Mas depois conto como foi!
   

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Montaria Mista nos Lentiscais

No passado sábado, 01 10 2016, desloquei-me aos Lentiscais, para a primeira Montaria da Época. Montaria com cerca de 60 portas, sócios e convidados.

Resultado final, 13 veados cobrados, 8 machos e 5 cervas, sendo que surgiram na junta 2 bons troféus.

Terrenos bonitos e típicos da Beira Baixa, junto ao Ponsul. Apenas os veados deram ânimo à Montaria, tendo-se contado cerca de 80 tiros. Os javalis também presentes conseguiram sair da mancha, sendo que uma enorme vara se safou ao aperto dos cães, literalmente a nado. As matilhas presentes, salvo erro Matilhas do Barroqueiro e Trinca Bufalos mostraram-se suficientes para a mancha.   

Um ambiente fantástico, familiar, como não é muito comum encontrar na maioria das Montarias. Gostei muito, mesmo não tendo tido a sorte de atirar.

(Quadro de Caça) 

(À espera da já muito desejada Carne à Alentejana)
 
(Mancha situada na margem do Ponsul)

(Vista a partir da Porta 18, Armada oposta ao Ponsul - a minha!)
 
Um agradecimento ao Sr. João Correia pela amabilidade e enorme simpatia como me recebeu. Estou certo que voltarei aos Lentiscais.