segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Magia ao Luar - Doblete de porcos em noite de lua cheia!

Após uma manhã de tordos nos Arrifes e que já de si tinha sido um luxo, decido quase à última da hora fazer uma espera aos javalis, num cevador localizado na borda serra.

Afinal era noite de lua cheia e não sendo a noite que mais gosto, o cevador estava bem frequentado. O dia estava óptimo, não estava frio, apenas uma ligeira brisa e havia uma espécie de sossego, que me impelia a tentá-lo naquela noite.

Tendo a convicção que as noites mais "luminosas" não são as mais prolíficas, as minhas esperas são cada vez mais condicionadas pelas escassas noites (ou dias) que tenho livres, e desde que as condições mínimas estejam efectivamente reunidas (ou seja, porcos a frequentar o cevador e as condições climatéricas não sejam extremas em termos de vento ou frio). O resto é aquela pontinha de sorte, mas sempre “olho vivo”, capacidade de permanecer sózinho na noite, imóvel, em silêncio e uma grande capacidade de persistência/resistência.

E assim foi, ainda antes do cair da noite dirijo-me à Serra e instalo-me ainda antes do cair da noite. A noite chega no entanto sem avisar e dou comigo a apreciar mais uma vez a paisagem, vislumbrando a aldeia de Vale da Serra sobre o vale, os Arrifes recortados no horizonte e ao longe o clarão da cidade de Torres Novas, recordando-me que existirão muitas almas, com escolhas tão diferentes da minha. Afinal, ali, em cima de um pinheiro num sábado à noite... aguardando na incerteza a entrada quantas vezes adiada de um javali em noite de luar. Num momento, dou comigo já de volta do óculo, a ensaiar o tiro e a inspecionar alguns entornos no limite do cevador. Uau, como se vê bem numa noite de Lua Cheia, parecendo-me ainda melhor do que me recordava, no entanto eles raramente se deixam iluminar pelo luar...

Subitamente, ouço “mascar” junto a um dos pontos de comida (já que tenho vários neste local) no entanto uma sombra negra impede-me de confirmar a 100% o que me parecia, e bem, poder ser um grande navalheiro (pelo menos assim o imagino). No entanto, e apesar de algum esforço decido logicamente não atirar à “sombra”. Por sua vez, "ela", decorridos alguns segundos, atravessa o cevador a trotar, silenciosa, e enorme...era mesmo o navalheiro! E fico com aquela sensação desagradável de oportunidade perdida.

Passada talvez uma horita surge a entrada de uma vara com vários animais de grande porte, e após alguma ponderação, decido fazer tiro ao que me parece maior entre os maiores. Aguardo que se atravesse e primo suavemente o gatilho. Irrompe o estrondo e a mancha negra esbate-se sobre o chão permanecendo imóvel. Os outros arrancam desconfiados, mas já devidamente acautelados no mato. Espero a meia horinha da praxe apenas para garantir que o animal está mesmo morto e preparo-me para descer.

No entanto decido uma última vistoria à vizinhança do cevador e nesses escassos minutos sou surpreendido com um porco de grande dimensão descendo cautelosamente na direcção do porco já abatido, como que numa atitude de confirmação deslocando-se suavemente.
Viro a carabina para o local com ligeireza e aponto o mais rapidamente possível. Numa análise rapida parece-me um navalheiro, e faço o tiro, quase de imediato. O porco cai redondo e fica lado a lado com o primeiro. Que bom penso para mim, esfusiado, com todos aqueles lances com que a sorte me brindara naquela noite. Afinal sempre vale a pena o esforço, repetia para mim. O porco vai dando uns “arranques” a espaços, que me fazem esperar ainda um pouco e crer que se está a “ficar”. Não preciso dizer como estava. Não sendo a primeira vez que mato dois porcos numa noite, a dimensão deles, e a possibilidade de pelo menos o 2º ser um navalheiro deixava-me, completamente em pulgas. O porco lá ia dando mais uns solavancos e sem que o previsse às três por uma lá ganha força e para minha surpresa abandona o cevador. Não sem antes lhe atirar um 2º tiro nessa saída, já só com meio porco à vista, após o que ouço algum restolhar no mato, deixando-me inseguro sobre a possibilidade de ter “tirado bilhete” para parte incerta. Aguardo mais uns minutos e desço. O Primeiro porco é uma porca de 100 kg, confirmo. O 2º não estava lá, mas havia deixado algum sangue, que não de pulmões, e pouco abundante. Ao entrar no mato escuto a sua movimentação. E decido dar uma volta mais larga contornando a mancha de mato adjacente, e procurando saber se havia saído mesmo do outro lado. Detecto desse lado algum sangue e algum “arranheiro” no chão. O porco havia estado lá. Volto a sentir barulho dentro da mancha de mato adjacente e nova movimentação. Bom sinal. Seria o porco a que atirei, mas ganho medo de me "fazer" a ele sozinho e sem visibilidade.

Decido levar a porca e procurá-lo apenas de manhã.



 
 
E assim foi. Tendo conseguido o apoio de uma verdadeira “equipa de busca”, começamos logo de manhã e com boa visibilidade a procurar os seus vestígios a partir do cevador. E felizmente não demorou muito a descobri-lo. Estava ainda vivo, pelo que foi preciso rematá-lo.
E sim, era uma navalheirito, com não mais do que 3-4 cm de navalhas expostas e com cerca de 70-80 kg.



 
Mais que pelo Trofeú, eu estava simplesmente feliz pelo meu “doblete ao luar”! E por mais uma boa história e mais uma magnífica recordação.

Ps. Obrigado ao meu Pai, pela manutenção dos cevadores e pelas suas recomendações. Estou certo que percebe muito dos porcos (mais que grande maioria dos actuais caçadores-esperistas). Estou consciente que sem ele nada disto seria possível. Obrigado pela ajuda ao meu cunhado João e mais uma vez, aos incansáveis, e meus grandes amigos, os irmãos Pereira – desta vez foi tudo a dobrar. Agora, é esperar pelo 58º!

domingo, 24 de janeiro de 2016

Tordos - Voltamos aos Arrifes!

Caçar nos Arrifes d`Aire é já de si qualquer coisa de ímpar, sendo dos locais onde mais gosto de caçar aos Tordos. As observações de véspera prometiam mais uma boa manhã, e assim foi, o que de resto vem sendo uma constante este ano. Ora aqui, ora acolá tem sido possível encontrar maior quantidade de Tordo “encrençada” em determinados terrenos, ainda que sem a presença generalizada de alguns anos e de outros tempos. E para mim em condição de igualdade prevalece sempre a escolha de terrenos de Serra face aos de cultivo das zonas sobranceiras aos Arrifes.
 
Esta caçada tinha também algo de nostálgico já que seria a despedida do meu amigo Beto, emigrante na Suiça, e cujas sempre curtas férias de Inverno terminavam mais uma vez, este sábado. Deste ano ficam mais algumas (boas) recordações de caçadas muito agradáveis aos tordos, a juntar às muitas que fizémos no passado. A expectativa ainda assim era grande, e apesar de não ser um “dilúvio” de Tordos, estes cumpriram mais uma vez (como esperado).
Não cacei aos tordos nos últimos anos, e talvez por isso me tenham dado tanto prazer estas caçadas. Ao mesmo tempo surgem-me alguns sentimentos revivalistas, sobre a forma como caçavámos dantes. As observações, a escolha dos locais, a decisão dos postos, e todas as análises, que discutíamos durante horas e que nos deixavam na expectativa de acertar, quanto às escolhas e decisões tomadas.
Uma maravilha (que decidi comemorar desta vez com os mais novos lá de casa)!

domingo, 17 de janeiro de 2016

Pedrógão d´Aire – A Terra dos Tordos!


Figuradamente, ou por piada, hà quem lhe chame a “Mãe-dos-Tordos”, ou que defenda mesmo que Pedrógão se deveria chamar de “Tord`Aire”. Para uma época que a meados de Dezembro se adivinhava medíocre, desde aí, quando se deram as primeiras entradas, os Tordos têm mantido bom registo em Pedrógão d`Aire, e fim de semana após fim de semana vão proporcionando manhãs muito razoáveis de caça. A verdade é que não apresentando as abundâncias do passado, nem a regularidade de outrora, é ainda assim generosa a quantidade de tordos por aquelas paragens até ao momento.

Escolhido o local, e a colocação das posições de tiro, a chegada é feita ainda pelo lusco-fusco, sobre a erva ainda molhada pela noite. Ao amanhecer os tordos passam baixos, velozes e em grande quantidade, encrençados nos matos adjacentes, confirmando as previsões. Gradualmente, no decorrer da manhã começam a surgir cada vez mais altos, e compassados. E também cada vez mais inacessíveis aos nossos tiros, desferidos a partir das covadas do vale em que nos encontramos. Ainda assim, sempre vai ficando um ou outro, até que chega o momento de partir rumo ao já aguardado repasto.

Feita a foto final, arrumadas as “torgias”e acondicionados os cães, resta a certeza quanto à vontade de voltar. Ainda antes de partir, assaltam-me ao pensamento os lances mais bonitos, e recordo por um momento alguns dos “Tordeiros” de craveira com quem acompanhei por ali tantas vezes enquanto miúdo, sentindo uma felicidade imensa de, como eles, poder caçar assim.

(Manhã de Tordos com os amigos Alberto Presume, e os irmãos Luís e José Pereira) 

... por último chamem-lhe o que chamarem, de uma coisa estou certo, Pedrógão continua a ser a “Terra dos Tordos”!

domingo, 10 de janeiro de 2016

Caça aos Tordos na Serra d`Aire: muita chuva e muitos Tordos!

Caçar aos Tordos na Serra d`Aire é um daqueles prazeres, a que insisto em dedicar pelo menos algumas jornadas anuais. Durante alguns períodos, consoante as condições climatéricas e disponibilidade de alimentação, os Tordos vão aparecer na Serra, isso é uma certeza hà muitos, muitos anos. No entanto, a Serra e os Arrifes são muito extensos, e os tordos não vão estar em todo o lado. Para assegurar uma jornada com alguma acção é necessário saber onde estão efectivamente e se se encontram em quantidade "suficiente". Por vezes encontram-se em locais visitados facilmente e de óbvia localização. No entanto, por vezes fixam-se em locais de mais difícil observação, e que por isso serão menos frequentados também. Nalguns casos encontram-se em locais onde caçar e encontrar os tordos é mais fácil, noutros fixam-se em locais mais inacessíveis, de encosta, e por ventura mais "fechados" de mato. Na hora de decidir onde caçar resta por vezes uma questão de apetência pessoal na forma de caçar, relativamente ao tipo de terrenos, número de espingardas na proximidade, dificuldade de cobro, etc. Pessoalmente, prefiro algum "sossêgo" e que só se consegue em terrenos mais difíceis e por isso menos frequentados. Depois da avaliação do local de antemão, começando logicamente pela confirmação da presença e crença dos tordos, da verificação dos acessos, em viatura, e a pé, do local de estacionamento (normalmente feito ainda de noite ou ao lusco-fusco), da decisão das posições de tiro, dos cães a utilizar, do equipamento e cartuchos, tudo deve ser bem planeado! Em consequência, quando as nossas avaliações se confirmam no dia "D" e tudo decorre como esperado, o resultado de uma dessas jornadas, de verdadeira caça, é invariavelmente muito gratificante.
 

 (2016 01 10 - Caça aos Tordos na Serra d`Aire, com o meu amigo José Pereira e grande companheiro destas "andanças")




sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Perdigueiro Português: Ano Novo, nova aquisição

É sempre com enorme expectativa que agraciamos a vinda de um novo cachorro para o nosso canil. A vinda da "Lili" não foi excepção e nada melhor que uma primeira saída ao campo para consagrar a sua chegada a Pedrógão d`Aire.


A Lili foi-me cedida pelo Pedro Pereira (Canil das Águas Mornas), e para já apenas com 6 meses parece ter grande potencial para a Caça, assim como ser morfologicamente muito perfeita.
 

A partir de agora será questão de uma pontinha de sorte, algum trabalho e dias de caça. Abraço a todos e um bom ano!