quarta-feira, 27 de julho de 2016

... um Navalheiro que não o era, um trofeu recuperado!

Sempre que se proporciona tento observar o cevador antes de realizar uma espera. Fica-se sempre com uma ideia mais fiél, e confiante, sobre a quantidade e que animais o frequentam. Assim planeando a data de 16/07/2016 para fazer a próxima espera, no fim de semana antes, a 10/07/2016, desloco-me ao local que parece bem frequentado e fico com a ideia de que um grande macho frequenta o cevador, como já havia confirmado de hà vários meses para cá.


(Tratamento dos cevadores com os meus filhos no fim de semana anterior à espera, e que me dá sempre grande prazer)

Chegado a data, e como é hábito, chego ainda cedo e instalo-me. No entanto, não sendo completamente invulgar na Serra d`Aire, e em particular no Verão, em períodos próximos da lua cheia, com o cair da noite desenvolve-se algum vento em demasia. O pinheiro que me serve de posto balança (em excesso!) e não fosse ser a única data que disponho, forço em ficar, na esperança de que amainasse com a descida da temperatura ( o que às vezes até acontece).

(Vista do cevador na direcção frontal a partir do posto)
E algumas imagens a partir do posto,



 
No entanto, a força do vento não abrandou e cerca das 22:00h, já com a noite bem "feita", já depois de ponderar várias vezes em abandonar a espera, alcanço movimento na posição mais distante, a coberto das sombras que se sobrepunham à comida. Consigo a custo distinguir um focinho esbranquiçado, em jeito de “toca-e-foge” na comida, sem que no entanto fizésse qualquer ruído. Essa confirmação deixa-me o coração num salto, afinal lá estava “ele” e eu quase a decidir ir embora. Enquanto procuro avaliar noto que não se afasta do escuro, mas pelos movimentos mostrava-se irrequieto, e muito desconfiado com as rajadas de vento. E sem aviso, após escassos minutos... sai num ápice. Fico por ali à procura, sobretudo nos outros pontos de comida, no entanto sem sucesso. Passados 30 minutos, penso para mim que terá ido mesmo embora depois de comer por alguns momentos a “gulosice”.

É nesse silencioso jogo, de sombras escuras tocadas a vento, que pouco me deixariam ouvir seguramente, e reflexos, promovidos por uma lua ainda tímida e praticamente inexistente ao nível do solo que canso a visão em torno do óculo. Porém, já nalgum desgaste volto a ver novamente o animal, ao cutelo, de focinho na direcçao do posto, esquivo, muito esquivo. A avaliação que faço dele, é que era “grande”, e seria o Navalheiro que me tem trocado as voltas, já de hà várias esperas para cá...

Naquela espécie de conflito, em jeito de pedir a mim mesmo uma decisão,

>tinha novamente o Navalheiro à minha frente ( o porco que eu tanto queria!)

>mal o conseguia ver, é certo (a menos de umas focinhadas esquivas)

>mas ele não se atravessava, mantendo-se ao cutelo, o que me dava ainda menos hipóteses (teria de ser um tiro a entrar ao pescoço calculo em pensamento)

>o posto abanava que nem “varas verdes” e por isso fazer um bom tiro não era seguramente uma garantia

> mesmo habituado a estudar os ventos por ali não seria exactamente “favas contadas” (as rajadas de vento funcionam como às ondas e de x em x vem uns momentos de acalmia)

...tudo somado e medido, decido que tinha de fazer tiro e assim foi! Depois de todas as contas possíveis e imaginárias e no momento devido, primo o gatilho da CZ 30.06. O porco sai como se estivesse certo que alguém o ia importunar naquela noite, rápido e musculado. Não me pareceu que acusasse fosse o que fosse, para além da normal velocidade "acelarada", mas nunca se sabe...

Como sempre, espero 30-40 minutos e desço. E sempre com a esperança de ver um rasto de sangue abundante. Nada disso. Não consigo detectar uma gota de sangue, uma lasca de osso, pêlo, qualquer arranheiro no chão, zero... parece que tinha errado mesmo... E fica sempre aquela pontinha de desânimo.
Não consigo no entanto encontrar a entrada da bala no chão ou no mato... coisa que me intriga. Decido ainda procurar ali nalguns carreiros, de lanterna na mão na esperança de que possa sangrar mais longe, em esforço, em movimento... mas não, também não consegui encontrar nada. Decido ir sossegar. Entre chegar a casa e arrumar as coisas já não seria menos de meia noite.
Enfim, fica para uma próxima...
(como sempre, e com ainda mais vontade, repetia eu para mim).
Na chegada a casa, relato ainda ao meu pai que errei o grande Navalheiro... e prometo-lhe que lho trago numa próxima (só não sei quando, como é lógico...). E história encerrada.
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No fim de semana seguinte (a 24/07/2016, exactamente 8 dias depois), volto ao cevador para tratar e verificar se o Navalheiro havia voltado. E para espanto meu alguns pontos de comida estão completamente “comidos” e outros têm ainda alguma comida, mas apenas as pedras afastadas cirurgicamente. A dada altura, sinto de súbito, cheiro a putrefacção, caminho na direcção da aragem quente da tarde e para espanto dou com um porco de 60-70 kg já completamente “desfeito”, com cerca de 3 cm de navalha exposta e a não mais de 25 m do local de tiro.
Pois, era o meu “Navalheiro”, que não tinha sido errado, e também não era o Navalheiro, mas um “candidato” a Navalheiro (ou talvez o seu Escudeiro).

(Javali já em extrema decomposição)

Ainda assim fiquei contente em encontrá-lo, em saber que não o tinha errado, e que pelo menos conseguiria recuperar o seu troféu.

Mais uma espera, e mais uma história... a acrescentar ao diário de um Caçador.

(*Na Serra d`Aire este é o meu 58º Javali, sendo possível que tenha "errado" ainda um ou outro, que se tenha ficado por lá...)

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Treino de cães com perdizes na Buinheira do Grou (Foros do Arrão)

A convite do meu amigo André Jacinto realizei no passado dia 03/07/2016, com alguns amigos comuns, uma jornada de treino com as primeiras perdizes da época. Apesar de termos começado cedo, o calor foi o maior inimigo. Ainda assim, os cães portaram-se bem e ainda houve tempo para alguns lances de trabalho mais minuciosos, e que nos deixam sempre grande prazer e a certeza de que o treino é imprescindível para a evolução e rendimento de um cão de parar.



A jornada decorreu na Herdade da Buinheira do Grou, a cargo do Pedro Pereira/ Canil das Águas Mornas, e após a qual se seguiu um sempre agradável almoço partilhado no campo. Um prazer rever os companheiros, as sempre especiais conversas em torno da caça e dos cães, a companhia do meu filho Luís, o re-encontro do Lobito de Pedrogão d`Aire - e que está um Breton lindissimo,... enfim razões de sobra para mais uma manhã de grande "aficion" em torno da caça. Que venham mais! 

Deixo-vos alguns lances, dos cães que me acompanharam, e que logicamente me deixam sempre empolgado. Pela sua evolução, pelo resultado do trabalho e insistência no seu treino, e pelos "sonhos" que me proporcionam esses momentos. 

Lily (Perdigueiro Português Fêmea),

Mostra muito expressiva
 
 Firme até ao último momento

Um cobro dócil e alegre

Tratando-se de uma cadela que ainda não fez um ano, diria que agora será uma questão de treino e de adquirir mais alguma experiência. Sem rodeios, deixou-me muito contente.

Bolota (Epanhol Breton fêmea),


Detecção da emanação e guia cuidadosa

Mostra firme 

Muito instinto pela peça... 

Tiro (...mal colocado!)

...e felizmente tinha a Bolota comigo que consegue um rasto, nova mostra, ...novo tiro, e sim, um cobro fantastico. 

Tendo outros animais à disposição comecei apenas a caçar com esta cadela apenas no final do ano passado, finais de Novembro. E na altura pouco fazia ainda. Uma evolução enorme desde aí, revelando-se uma cadela muito completa. 
 

(Agradeço este video ao Nelito, do Canil da Mata, cujos Setters me deixaram muito bem impressionado)


Ninhada Jóia-VII vs Astor (do Rio da Fonte)

Este ano planeei uma primeira ninhada de Podengos médios de pêlo liso. A fêmea com vários ascendentes no Vale do Linhos, Círio da Tala, Pinga da Tala, Bailondo, etc. e muito caçadora e bonita morfologicamente. O macho Astor (do Rio da Fonte), campeão de Portugal foi me cedido gentilmente pelo criador e proprietário do mesmo para esta monta.


Nascidos a 06/07/2016, correu tudo bem, e nasceram 2 machos e 3 fêmeas, que se encontram de saúde. Preciosos!
  

Ninhada Bolota XI vs Flak do Vale do Linhos

Como é hábito a primeira ninhada de uma cadela é sempre um momento de alguma expectativa. A Bolota é uma das minhas podengas pequenas de pelo liso e com ascentes da Praia do Ribatejo, Vedras, Balouzval, e Vale do Linhos. Desta feita o progenitor é o Flak do Vale do Linhos.


No dia 11/06/2016 e portanto fazendo hoje um mês nasceu o "Mourinho de Pedrogão d`Aire". Pois nasceu sozinho e está a ser criado com aquela paz toda de quem não tem concorrência pelo leite ou pelo seu lugar junto à mãe, como não terá dentro de pouco tempo pela comida. Mas, para já a crescer lindíssimo, tanto como a minha expectativa. Morfologicamente será seguramente muito equilibrado e espero que venha a ser também um um bom "coelheiro". O futuro o dirá.