terça-feira, 18 de outubro de 2016

A paixão de caçar no Oeste, com quem é apaixonado por caçar no Oeste...


Esta é a história de uma amizade que tem crescido ao longo dos anos em torno da caça e da qual tenho um enorme gosto.

Tendo conhecido o Carlos Ferreira através de uma ligação professional jà hà mais de 15 anos, e que ainda hoje mantemos, daí até começarmos a caçar juntos algumas vezes por ano, e partilhar o gosto pelos cães de parar, provas de Stº Huberto, pela perdizes e galinholas foi um pequeno passo.

Desde aí, vários foram também os amigos que passei a conhecer no Oeste, e em particular em Dois Portos, de onde é natural e residente, não podendo deixar de salientar o seu primo, Joaquim Belchior, mas também o Eduardo Serralheiro, e o Luis “Caixas”, e que compõem o seu habitual grupo de caça às perdizes por ali.

Já tendo caçado várias vezes em Dois Portos, nos ultimos dois ou três anos não me havia sido possivel aceder ao convite habitual. No entanto, no passado domingo, voltei à sua aldeia, para uma caçada ás perdizes e faisões. Caçada essa que me permitiu recordar mais uma vez toda a cordialidade e “saber receber” destes meus amigos. O que a somar à espetacularidade de caçar na magnífica paisagem do Oeste, coberta de um mosaico de vinhas e pomares, num relevo de grandes declives, e onde é preciso “pernas e pulmão” para dar caça a perdizes e faisões, torna a jornada, um dia sempre especial.

A sua forma prazenteira de estar na caça e na vida, já eu conheço de hà muito e deixa-me sempre completamente encantado.

A caçada como é hàbito correu excelentemente! Tempo soalheiro, sem estar quente, boa companhia e conseguimos algumas perdizes e alguns faisões, em lances de grande beleza e grau de dificuldade elevado. Parece que as perdizes se deixavam encontrar apenas por nós, já outros grupos e caçadores com quem nos cruzamos, não mostravam caça ou pouca. Dada a dimensão das vinhas e o facto de serem aramadas a necessidade de bons cães para caçar ali é crucial.

Do Carlos, recordo, o optimismo incurável de um caçador de Galinholas, a incomparável “fibra” de sempre, não havendo distância, ou declive que se interponha entre a vontade de encontrar as perdizes naquela vinha mais querençuda ou naquele pomar mais distante. Os seus setters e griffon korthals batem muito terreno, mas ele não lhes fica atrás.  Quanto ao Eduardo, também muito conhecedor dos terrenos, sempre cumpridor na linha e sempre disposto a mais uma “pancadinha”, seguro a atirar, completa-se nos seus bretons, que resolvem magnificamente o “cobrar” das peças atiradas sobre as vinhas. O Luis “caixas”, muito caçador, e com perfil de caçador solitário, parecendo-me sempre que anda menos, mas “bate” as mesmas distâncias com a astúcia de saber sempre onde procurar e onde encaminhar a sua Perdigueiro Português a mostrar caça. Basta perdê-lo de vista para acrescentar mais uma peça ao cinto. Mata sempre bem. Guardei o Belchior para último, por um enorme carinho e para lhe dedicar algumas palavras mais. Será dos caçadores de maior carisma que conheci, e que durante muitos anos espalhou classe com os seus pointers, por onde quer que tenha passado e passou por muitos locais. Pointers que corriam como o vento e paravam caça com firmeza robótica. Também pelo seu feitio e boa disposição tornou-se numa referência para muitos, não só ali mas por todo o lado.

Todos eles evidenciam bem a paixão de caçar no Oeste.

Por exemplo em Pedrógão ainda hoje me perguntam pelo Belchior e pelo Max, com enorme afeição. Para os seus colegas habituais e para todos os que o conheciam pela primeira vez, esse efeito emblemático perpetuava-se para sempre e isso ele nunca perderá. Mas foi nele que notei a maior diferença. Sendo o mais velho do grupo, é caso para dizer que a idade não perdoa. E isso deixa-me sempre uma nostalgia enorme, relativamente a um companheiro e ainda mais caçador. Ainda assim acompanhou-nos, escolhendo terrenos, mas com a sabedoria de quem conhece aqueles “pagos” hà mais anos que ninguém, e compondo como sempre o cinto. Foi com um enorme prazer que o revi, espero que se vá aguentando, na vida e na caça.

No final, já de chegada aos carros, e talvez sentindo o cansaço em demasia, deixou escapar que esta seria a sua época de “despedida” (espero sinceramemte que não!). Tendo-me deixado a sua “caça” com a generosidade habitual, ofereceu-me ainda, de surpresa, a mais bela cena que alguma vez podia esperar. E que oportunamente, hei-de escrever história. Agradeci-lhe a recordação.

 

Na viagem de regresso a casa, e a só, pensava para mim, na sorte que tenho, e porque continuo a gostar tanto da Caça.

Amigos, obrigado por tudo. Cá vos espero em Pedrógão este Inverno.

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