domingo, 12 de novembro de 2017

Caçada aos Coelhos em S. João dos Caldeireiros - Mértola


(2017/11/11)

A jornada de hoje teve lugar na Herdade de Santa Maria que já havíamos visitado em finais de Setembro. Logicamente, que mais de um mês depois, período em que ocorreram outras caçadas aos coelhos, concedidas pela Propriedade a outros grupos, e a não ocorrência de qualquer chuva até ao momento, não deixavam antecipar um resultado muito animador.

No entanto, para quem a Caça é um ritual (nunca acabado), e muito mais que uma jornada isolada, ou um resultado menos conseguido, dias como estes são para mim verdadeiramente “Sagrados” e parte de um percurso. Na vida nem tudo são “dias de festa” ou de “grande satisfação”. Por isso mantivemos a data da caçada.

Tudo havia começado já com a “chamada” a alguns amigos com quem não caçamos habitualmente. Apesar dos “habitués” (que vão sempre), existem aqueles que por um motivo ou outro conseguimos combinar apenas uma caçada de vez em quando, mas que aproveitamentos nestes dias para nos voltar a encontrar. Como por exemplo o meu amigo Daniel Gomes de Marinha das Ondas (Figueira da Foz).

E logo aí são sempre dias especiais.

Depois, no nosso caso a viagem começa cedo, e as três horas e meia de Pedrógão d`Aire até à chegada a S. João dos Caldeireiros promovem sempre uma cumplicidade em muitos casos já existente, mas que se perpetua, mais do que entre amantes da Caça, entre amigos.

À chegada, logo nos “cumprimentos” ao pessoal dali, dou conta da estima, que lhes tenho, e da forma afável com que também nos tratam. É como se fossemos velhos amigos ou mesmo parentes, que pela distância que nos separa, não nos conseguimos ver com a frequência que a nossa “ligação” o merecia.

Já a Caçar, e procurando nunca me distrair, nem dos colegas, nem dos cães, dou por mim a vaguear na vastidão daquelas paisagens. Foge-me a mente de uma forma abstrata para a imensidão e beleza do que os olhos alcançam. Não é que pense em nada em particular mas o que os olhos vêm deixa-me obviamente encantado. E esses momentos de liberdade são algo de único nestes dias.




Seguem-se os lances de caça de permeio, algumas ladras, uns tiros errados e outros de eleição... gravamos uns e outros na nossa mente. E ambos nos ajudam a ser melhores Caçadores e Colegas. Uns, pela humildade de quem falha, outros, pela satisfação madura de quem coleciona bons lances de caça, por prazer próprio. Os lances proporcionados pelos nossos cães são a êxtase final e deixam-nos mais satisfação que qualquer façanha pessoal.


(Resultado final: 9 coelhos e 1 lebre)



Seguem-se depois as despedidas e os votos de regresso, que esperamos intimamente seja o mais rapidamente possível. Pelo menos assim o sentimos no momento.
Ao almoço damos largas à revisão de toda a jornada de caça com os colegas e lance a lance recapitulamos o que fizemos bem, o que poderíamos ter feito melhor e nalguns casos apenas pelo prazer de recordar tudo timtim por timtim, porque o prazer é mesmo esse, continuar a caçar, mas à mesa.




Desta vez o almoço estava marcado para Sapos, na “Taberna da Ti Luciana”, uma referência. A Ti Luciana continua a ter uma mão abençoada na cozinha. Começando nas "moelinhas" preparadas para entradas, a Sopa de pão em Caldo de cabidela, e a Galinha de cabidela servida depois, acompanhada, quer por arroz, quer por batata estava como sempre divinal. O Marmelo cozido servido à sobremesa, e o nógodo apresentado em folhas de laranjeira, irrecusável. 



Para além de termos cantado os Parabéns ao meu filho Luis, pois era o dia do seu aniversário, fiquei anda muito satisfeito pela visita do amigo Alcario, de Mértola, a quem tinha convidado a juntar-se connosco, senão para almoçar, pelo menos para a sobremesa e café.


Por fim, a sempre ainda mais longa viagem de regresso, mas onde sempre surgem também, ainda antes de chegar, as ideias para uma próxima vinda, é mais um ponto de convívio e de conversa. "Caçar" é por tudo isto, um ritual sagrado, que como, a mim, a nós, faz mover milhares de caçadores a nível nacional todos os fins de semana. Uma paixão que nos está no sangue, e que ficará também nos genes dos mais novos que nos acompanham e lhe darão continuidade.



Grande abraço amigos e até um dia destes,
(a Caça é uma Paixão!)

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